quarta-feira, 16 de março de 2016

"AS TRÊS GRAÇAS" por Karime Nivoloni

PROCEDIMENTO OBRA II: AS TRÊS GRAÇAS (07/03/2016) Por Karime Nivoloni
PRAÇA DA SÉ Duração 1h30
ARTISTA CONVIDADO: ALCIMAR FRAZÃO

Infundir.
Minar camadas no espaço.
Das raízes simbólicas,
das matrizes ocidentais: evocar as três graças.

Beleza, encanto e abundância;
Aglaia, Eufrosina e Tália;
castidade, beleza e amor;
beleza, desejo e satisfação...

Praça da Sé. Centro de São Paulo. Marco-Zero.
Contradições, incongruências e co-existências.
Olhares, sujeira e concreto.
Suspensão do tempo, dilatação do espaço e pausa dos corpos espectadores.

Igreja, homens e pobreza
desgraças veladas... explicitas... comungadas...
registros celulares, videográficos e vocais.

Questionamentos sonoros atravessam a lentidão que se instaura...
sobre arte, sobre dinheiro, sobre curiosidades.
… depois eu que sou a louca...
e a presença dos olhares que eu vi. Com os meus olhos.
Cravados na memória.
Gravados no papel riscado. Sobreposto. Transparente.

Um olhar que não me é imparcial.
Que me revela, acolhe e afasta.
Simultaneamente. Afetivamente. Profissionalmente.

A pausa ordenada esculpe os corpos,
que criam lacunas no espaço e, das coincidências do mundo,
me colocam segurando duas cabeças na escadaria
enquanto dobram os sinos.

Sinos gravados... mas ainda imponentes.

Dos acasos pré-combinados espiritualmente com as entidades:
a chuva que lava as esculturas, as pessoas e a escadaria.
No final.
Ou de um pai nosso que des-sacraliza nosso rito pagão
de três graças pagas, urbanamente vestidas (como não manda o figurino)
e (eu, falo por mim) atravessada pela tentativa, [quase]
desesperada, de dar algum sentido à.

Experiência, existência... condição.
Do “animal que logo sou”, do sistema engendrado em nosso cerne.

Da poesia das fatalidades.? 



Fotos: Roni Diniz

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