PROCEDIMENTO OBRA II: AS TRÊS GRAÇAS
(07/03/2016) Por Karime Nivoloni
PRAÇA
DA SÉ Duração 1h30
ARTISTA
CONVIDADO: ALCIMAR FRAZÃO
Infundir.
Minar
camadas no espaço.
Das
raízes simbólicas,
das
matrizes ocidentais: evocar as três graças.
Beleza,
encanto e abundância;
Aglaia,
Eufrosina e Tália;
castidade,
beleza e amor;
beleza,
desejo e satisfação...
Praça
da Sé. Centro de São Paulo. Marco-Zero.
Contradições,
incongruências e co-existências.
Olhares,
sujeira e concreto.
Suspensão
do tempo, dilatação do espaço e pausa dos corpos espectadores.
Igreja,
homens e pobreza
desgraças
veladas... explicitas... comungadas...
registros
celulares, videográficos e vocais.
Questionamentos
sonoros atravessam a lentidão que se instaura...
sobre
arte, sobre dinheiro, sobre curiosidades.
…
depois eu que sou a louca...
e
a presença dos olhares que eu vi. Com os meus olhos.
Cravados
na memória.
Gravados
no papel riscado. Sobreposto. Transparente.
Um
olhar que não me é imparcial.
Que
me revela, acolhe e afasta.
Simultaneamente.
Afetivamente. Profissionalmente.
A
pausa ordenada esculpe os corpos,
que
criam lacunas no espaço e, das coincidências do mundo,
me
colocam segurando duas cabeças na escadaria
enquanto
dobram os sinos.
Sinos
gravados... mas ainda imponentes.
Dos
acasos pré-combinados espiritualmente com as entidades:
a
chuva que lava as esculturas, as pessoas e a escadaria.
No
final.
Ou
de um pai nosso que des-sacraliza nosso rito pagão
de
três graças pagas, urbanamente vestidas (como não manda o figurino)
e
(eu, falo por mim) atravessada pela tentativa, [quase]
desesperada,
de dar algum sentido à.
Experiência,
existência... condição.
Do
“animal que logo sou”, do sistema engendrado em nosso cerne.
Da
poesia das fatalidades.?
Fotos: Roni Diniz
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